Por Daniela Andrioli
Em pouco tempo, percebi que os meses em Vancouver podem ser os melhores da minha vida!
Só faz uma semana. Mas, na minha vida, o Brasil já está bem mais distante que 15 horas de viagem. Em
pouco tempo, já sei que estou diferente. Cabeça nova, ideias novas, conceitos desfeitos, decisões tomadas.
Tudo está caminhando a passos rápidos, que parece que cinco meses serão pouco para viver tudo o que
quero.
O primeiro dia na escola também foi meu primeiro dia do metrô, aqui chamado de skytrain. Acostumada a
andar de carro, me peguei correndo para entrar no vagão e não perder a hora do teste. Consegui. Estava
lá, na porta, no horário marcado, pronta para começar. Para agilizar os processos, a escola deixou as
explicações na mão da consuler brasileira. Todas as informações foram passadas em português e, naquela
ânsia por segurança, os brasileiros já se juntaram, formando seu grupos de interesse. Por um lado, foi bom
fazer amigos. Mas, por outro, ficou faltando aquela primeira mistura entre nacionalidades.
A aula mesmo só começou no segundo dia. Inglês das nove às quatro, com pausa de uma hora para o
almoço. Na minha sala da manhã, com foco na comunicação, só dois brasileiros. O resto se divide em
coreanos, japoneses, chineses e árabes. Foi muito bom, logo de cara, ter contato com outras culturas e
costumes. Embora todos tenham pontos de vista tão opostos, todos estão ali com o mesmo objetivo e se
respeitam por isso.
Sem tempo para perder, comprei, nesse dia, ingressos para o jogo de hockey. Valeu a pena! Vi Canucks, o
time de Vancouver, ganhar no round extra, e emocionar o estádio. O público, declarou, em coro, a paixão
pelo esporte e deixou até eu, nascida no país do futebol, de boca aberta.
Em menos de 72 horas, já havia me familiarizado com a estação, com as ruas, com os bairros. O centro
da cidade não é muito grande, o que facilita para os novatos. Ligada na tomada de turista, visitei a Robson
Street, o Pacific Center, o Wal Mart, Stanley Park, Gastown, Chinatown, Deep Cove e Cipilano, tudo em
poucos dias. Cheguei, toda a noite, exausta. Foi o tempo de jantar, fazer a tarefa e cair na cama, antes das
nove. Uma prática comum entre os canadenses.
Mesmo tendo feitos todos os passeios do mês na mesma semana, ainda tive coragem de reservar meu
sábado para mais um: Whistler. Criada no calor de Bauru, interior de São Paulo, nunca havia visto neve. O
vilarejo, conhecido pelas suas montanhas, me deu de presente essa emoção. Subi de gôndola até o topo e
pude ver tudo coberto de branco. No auge dos meus grande vinte e três, voltei a ser criança.
Meus primeiros dias também tiveram espaço para um feriado: thanks given. Não comemorada no Brasil, a
data é uma forma de festejar a temporada da colheita. Na prática, as famílias se reúnem, fazem um farto
jantar e agradecem juntas as conquistas do ano. Na minha homestay, pude ver de perto a comemoração.
Tudo foi tradicional. Treze pessoas numa sala, comida, conversa e muitos abraços.
Ainda há muito o ver, o que viver. A saudade bate forte e, às vezes, não tem com segurar o choro. Mas logo
passa. Acordo pensado que o tempo de ser feliz é agora. Depois, quando eu voltar para o Brasil, não adianta
lamentar as oportunidades perdidas, os lugares não visitados, as amizades não feitas. Tudo está correndo
na velocidade da luz e, quer saber, eu gosto assim.