Eu sei que carro é uma mão na roda na vida das pessoas e que quem está acostumado à ter certa independência para se locomover pode até estranhar abrir mão do seu veículo pessoal. Porém, todo mundo sabe também que carro = gasto. Não é só a despesa da compra, mas há também a manutenção (alôu, inverno vem aí e você precisa de pneus adaptados), gasolina e, principalmente, o seguro, item obrigatório por estas bandas.
Por isso, senhoras e senhores, abrir mão do carrinho ao chegar do lado de cá não é nada de outro mundo. Você só precisa se adaptar e avaliar suas opções.
Felizmente, transporte público por aqui é um item muito mais bem resolvido do que em muitas cidades do nosso querido Brasil. Apesar de Edmonton não ser uma cidade grande (eu diria que é de porte médio), já conta com metrô e com um sistema de ônibus bem eficiente. E o melhor: são integrados.
A linha do metrô (aqui chamado de LRT – Light Rail Transit) não é muito grande, realmente (se poupem do trabalho de comparar o metrô de Edmonton com o de Toronto, por exemplo), mas é útil para muita gente. Além de várias estações estarem conectadas à terminais de ônibus espalhados pela cidade (o que facilita a locomoção), os bilhetes também são unificados. O que serve para ônibus também serve para metrô e vice-versa. O preço é o mesmo, aliás, e com um só tíquete você pode pegar um segundo ônibus (ou metrô) dentro do prazo de 90 minutos.
Outro fator que facilita e barateia a vida por aqui é o tal do passe mensal. Com ele, você pega ônibus e metrô quantas vezes quiser dentro de um determinado mês. Basta apresentar ao motorista ao embarcar no ônibus ou ao fiscal do LRT caso seja abordado. E só. Aqui não tem catraca e nem cobrador: se você tem o passe, mostra para o motorista ao entrar e pronto (claro, precisa ser o passe do mês corrente). O número de viagens possíveis é ilimitado (pois basta ter o passe para embarcar) e isso acaba sendo uma benção para quem precisa andar muito de transporte público (como nas primeiras semanas do recém-chegado, que terá que sair por aí procurando apartamento, comprando coisas pra casa e resolvendo burocracias).
E como as pessoas que não tem passe mensal fazem, já que não há cobrador? Elementar meu caro. Basta inserir suas moedinhas (ou tíquete unitário, caso você tenha comprado – sim, também existe essa opção) numa caixinha do lado do motorista (valor exato, pois eles não dão troco) e seguir viagem feliz. No metrô, você compra o bilhete numa máquina automática, valida na maquininha e entra normalmente. Sim, é só isso mesmo. Pra quê complicar a vida das pessoas se você pode facilitar?
Ainda não se convenceu que viver de transporte público pode ser prático? Eu sei, aqui é frio e ficar esperando no ponto de ônibus no inverno não parece convidativo. Muitos pontos não são fechados e nem todos possuem proteção contra neve ou vento. Porém nem tudo está perdido. Aqui existe uma coisa chamada pontualidade. Todos os ônibus possuem uma hora certa para passar em cada ponto da cidade. Um aplicativo da prefeitura mostra o horário exato que cada ônibus vai passar em cada parada (e o Google Maps mostra também, baseado nas informações do sistema de transporte local). Por isso, se seu ônibus está marcado para passar às 8h53, basta ir para o ponto alguns minutos antes e se poupar de ter que ficar horas mofando na rua torcendo para o bendito passar logo. Raramente os ônibus se atrasam mais do que 5 minutos ou estão com o horário desatualizado no aplicativo. Claro, problemas sempre podem acontecer, mas na grande maioria das vezes, você não terá surpresas.
Transporte alternativo – é viável?
Tem gente (tipo eu, cof cof) que pode preferir um transporte ainda mais alternativo que o ônibus ou o LRT. Sim, leitores, estou falando da bicicleta. Barata, prática e ecológica, nossa querida magrela é um quebra galho e tanto.
Se você mora em bairros relativamente próximos ao centro (ou seja, longe do subúrbio) pode aproveitar para comprar uma bicicleta e se locomover pela cidade. Apesar daqui não ter muitas ciclovias (mas conta com algumas ciclofaixas aqui e ali), andar de bike é tranquilo e muito prazeroso. O trânsito não é pesado e as calçadas, muitas vezes vazias, o que facilita um bocado a vida do ciclista. Sim, eles ainda são minoria na cidade, mas é possível ver alguns adpetos desse meio de transporte circulando por aí. Bicicletários são comuns principalmente perto de centros comerciais, shoppings, prédios públicos, instituições de ensino e supermercados. E se por algum acaso não houver essa opção, pode prender a bicicleta na árvore ou poste mais próximo que está tudo certo.
Disclaimer: Por aqui já ouvi muitos casos de furto de bicicleta, então, tenha o bom senso de comprar um cadeado bem resistente (se possível, até um U-Lock). Pois é, não tá fácil pra ninguém....
Se no inverno dá para pedalar? Bueno, yo no creo en brujas, pero que las hay, hay... nunca pedalei na neve e não sei se arriscaria, mas já vi gente dizendo que é possível e nada demais. Basta ter um bom pneu e, lógico, bons agasalhos. Não sei. Só sei que depois que o verão passou, tive a impressão de que o número de ciclistas pelo bairro deu uma leve caída. Como o inverno canadense ainda é uma incógnita para mim assim como é para a maioria de vocês, prefiro não palpitar ainda. Mas em breve isso mudará! 😉
Fotos: The City of Edmonton