Não é nenhum segredo que o mundo do trabalho está mudando, e o trabalho autônomo está ficando cada vez mais presente na vida das pessoas, tanto no Brasil quanto no restante do mundo.
Até quase o final do século XX a relação das pessoas com o trabalho continuava seguindo a norma imposta até então, e era muito comum ver uma pessoa trabalhando numa mesma empresa por anos a fio, passando por vários cargos ao longo das décadas. O conceito de segurança no emprego era muito forte, e isso tem sido questionado já há muitos anos, como mostra uma reportagem da Folha do ano passado. Com crises econômicas acontecendo e com a globalização que faz com que a economia de vários países se inter-relacione de formas que simplesmente não aconteciam na época dos nossos pais, as pessoas têm cada vez mais tomado para si a tarefa de serem completamente responsáveis pelo próprio trabalho e pela própria renda.
Na categoria das pessoas que são chefes de si mesmas se encaixam os autônomos, também conhecidos como freelancers, e os empresários, por exemplo. Autônomos são pessoas físicas que trabalham por conta própria, não sendo contratadas por nenhuma empresa e tampouco possuindo empresa própria. É bastante comum vermos profissionais autônomos em profissões da área da saúde, como psicologia e fisioterapia, e também em áreas ligadas à tecnologia e mídias digitais, só para citarmos algumas. Já empresários são pessoas que realmente possuem um CNPJ, e podem ou não contratar outras pessoas para trabalhar em sua empresa.
Nós já falamos bastante a respeito da comprovação de renda e de vínculos para vários tipos de vistos e também para a imigração para o Canadá.
Para relembrar, quem pretende ficar no Canadá por um período definido de tempo, como um residente temporário (com visto de turimo, estudo ou trabalho) precisa comprovar que:
Para os residentes permanentes, ou seja, para pessoas que estão em um processo de imigração, não é necessário comprovar vínculos, no sentido explícito de que a intenção de um imigrante (a princípio) não é voltar para o país de origem. Mas mesmo assim ainda será preciso comprovar renda ou uma quantia disponível para arcar com as despesas dos primeiros meses no Canadá, e também será preciso comprovar períodos de experiência de trabalho.
Para quem trabalha como funcionário com carteira assinada em uma empresa, as coisas parecem ser mais simples: basta enviar holerites, cartas de recomendação dos chefes atuais e antigos, e demais documentos que comprovem que o candidato realmente trabalhou na(s) empresa(s) em questão, como contratos de trabalho e declarações, por exemplo.
Mas como funciona essa questão quando se trata de um trabalhador autônomo, ou então de um empresário?
Residência temporária
No caso de pessoas que têm a intenção de residir no Canadá por um período definido de tempo, como é o caso de quem pretende aplicar para um visto de tursimo ou um visto de estudos ou trabalho, por exemplo, será necessário, em primeiro lugar, comprovar a existência de vínculo com o país de origem.
Nunca cansamos de enfatizar que quem terá a palavra final sobre se o seu visto será aprovado ou não será o oficial da imigração canadense que analisar a sua aplicação. Mesmo assim, é muito difícil que um visto seja recusado se o candidato obedecer a todos os requerimentos exigidos pela imigração para o seu tipo de visto.
Sendo assim, a comprovação de vínculo pode ser conseguida através de cartas e declarações que de fato comprovem que você tem laços com o seu país de origem, sendo que os laços mais fortes podem ser considerados trabalho, renda e família.
Em matéria de trabalho, pessoas autônomas podem comprovar o vínculo com a apresentação de declarações de prestação de serviços que realizam atualmente, demonstrados através de cartas de clientes e/ou empresas que receberam os produtos ou serviços do profissional, e de notas fiscais emitidas, por exemplo. Além disso, é possível dar foco ao desenvolvimento de carreira na carta de intenção do college ou da universidade. Dessa forma, mencionar que o curso irá contribuir para o desenvolvimento profissional quando o candidato voltar para o país de origem pode ser considerado um ponto positivo para a aprovação do visto.
No caso dos empresários, a questão da comprovação de vínculos pode ser resolvida com a apresentação do contrato social ou CNPJ e também de um documento do contador comprovando que a empresa está ativa e que possui rendimentos.
Em matéria de família, a questão pode ser delicada. Afinal, não basta ter parentes espalhados pelo país de origem com os quais o candidato nem sempre tem contato. Os familiares precisam ter um grau significativo de relacionamento com o candidato, como é o caso de cônjuge e filhos.
Outros meios para a comprovação de vínculo podem ser documentos que comprovem que o candidato possui obrigações financeiras e/ou fiscais com o país de origem, como é o caso de quem possui uma casa ou um apartamento próprio.
Residência permanente
No caso da residência permanente, a questão não é tão forte no sentido de comprovação de vínculos, já que, pela própria natureza da aplicação, considera-se que não há intenção de voltar para o país de origem. Aqui, no entanto, a comprovação da experiência profissional pode ser um fator chave para o sucesso da aplicação, principalmente em programas de imigração que concedem vários pontos para o quesito carreira, como o Express Entry.
Mas a comprovação de experiência de trabalho nem sempre é tão clara para os autônomos como é para os trabalhadores que são contratados por uma empresa. Mesmo que os procedimentos não sejam sempre claros, não significa que não sejam possíveis. No caso dos autônomos, a comprovação de experiência profissional pode se dar por meio de declarações de clientes e/ou empresas que recebem os serviços do profissional, e também pode se dar por meio de cartas de colegas e/ou professores que possam atestar quanto à atuação daquele profissonal, comprovando que trabalhou naquela função autônoma durante um certo período de tempo, exercendo um certo conjunto de atividades.
No caso dos empresários, a apresentação de um CNPJ pode facilitar um pouco as coisas, mas é preciso tomar cuidado para que o relacionamento com a empresa no Brasil não seja considerado um laço muito forte que possa, ao olhos do oficial da imigração, ser um obstáculo para a conquista da tão sonhada residência permanente. Portanto, ao imigrar, é preciso deixar claros os planos para que a empresa seja assumida por outra pessoa, ou então sobre como o candidato pretende conduzir os negócios uma vez que pretende imigrar para o Canadá.
Programas para trabalhadores autônomos
Para quem tem interesse em trabalhar como autônomo no Canadá, o país oferece recursos bem interessantes que podem incluir workshops, palestras, aulas e programas de mentorship, ou aconselhamento e orientação oferecidos por um profissional mais experiente que faz as vezes de um tutor.
Um exemplo desses serviços é o FuturPreneur Canada, que oferece uma série de programas que podem ser mais ou menos adequados às necessidades de cada novo entrepreneur. Um desses programas é dedicado exclusivamente a imigrantes, desde que possuam entre 18 e 39 anos de idade e estejam no Canadá por um período inferior a 60 meses. Isso equivale a 5 anos, então os “futurpreneurs” contam com bastante tempo para planejar suas aventuras. Os recursos disponíveis são vários: aperfeiçoamento do plano de negócios, mentoring, financiamento (que pode variar seu limite máximo de 15.000 a 45.000 dólares canadenses), além de oportunidades de networking.
Existem também vários outros programas destinados a fornecer recursos para empreendedores e profissionais autônomos. Estamos falando do S.U.C.C.E.S.S. e da YMCA de British Columbia, por exemplo, e também dos Small Business Enterprise Centres de Ontário.
O Canada Business Network é um site que oferece uma série de informações, dicas e recursos para quem pretende começar uma empresa no país, e tem até mesmo informações específicas por área de atuação, como Food Truck, Restaurant and Catering e Women Entrepreneurs, para citar algumas.
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