Por Paula Oliveira
Sabe quando a gente passa a vida toda sonhando com algo e quando finalmente o sonho está prestes a se realizar, a gente simplesmente fica paralisado de medo? “E se minhas expectativas foram altas demais e não corresponderem à realidade? E se eu quebrar a cara? E se der tudo errado?” é inevitável não se torturar com esses questionamentos. Mas é também nessas horas que nasce dentro de nós uma coragem inabalável que vem do desejo de conquistar o que sempre sonhamos. Assim foi o Canadá para mim.
Imagem: Paula Oliveira - Arquivo Pessoal
Meu nome é Paula, tenho 24 anos e me formei em Administração pelo Instituto Federal da Bahia. Eu uso cadeira de rodas desde os 11 anos e, mesmo com a deficiência, tive a oportunidade de fazer intercâmbio por duas vezes: a primeira para a Irlanda em junho de 2012, e a segunda para o Canadá em janeiro desse ano.
A diferença entre as duas viagens, entretanto, foi que, na primeira, tive a companhia de uma grande amiga da faculdade que foi minha acompanhante durante todo o tempo em que fiquei na Irlanda. Lá eu não tive medo, não passei perrengues, não tive que aprender a me virar sozinha. Tudo foi como num conto de fadas. Já no Canadá, como bolsista do governo canadense através do Emerging Leaders in the Americas Program em que a bolsa só cobria os meus custos, tive que encarar o desafio de viajar e morar sozinha por quatro meses.
Mas a verdade é que eu nunca estive sozinha. No Canadá, cursei o último semestre do meu bacharelado no College of the Rockies em Cranbrook, na British Columbia. Cranbrook é uma cidade pequena no meio das montanhas. Apesar disso, não foi difícil me sentir em casa: a cidade é completamente acessível e as pessoas são extremamente educadas, calorosas e amigáveis.
Morei na residência estudantil do college que, assim como a cidade, era bem acessível, além disso, tudo o que precisava ser melhorado para se adequar às minhas necessidades era rapidamente agilizado pelo pessoal do college. Eles sempre foram muito atenciosos e cuidadosos comigo e fizeram de tudo para que a minha estadia lá fosse agradável. Alguns exemplos: como fui em pleno o inverno canadense, eles providenciavam a retirada a neve do estacionamento que ligava o college à residência já que, para um cadeirante, a neve é quase como areia e faz a cadeira atolar; colocaram mais barras no banheiro, conforme eu pedi; trocaram, também, a torneira da pia que era antiga e duríssima de se abrir; regularam a porta do POD (que é como chamamos cada apartamento na residência), que por ter aquele sistema de fechar sozinha, era bem pesada de abrir o que complicava muito as coisas quando eu estava sozinha, etc.
Imagem: Paula Oliveira - Arquivo Pessoal
Tive a sorte de fazer amigos de vários países que me auxiliaram em absolutamente tudo o que precisei. Além disso, morar no Canadá me fez crescer em vários aspectos. Foi no Canadá que aprendi a ser mais independente, a cuidar de mim mesma, a vencer meus próprios medos.
Mas mais que isso, lá eu aprendi que sou capaz. Que a minha deficiência é apenas um detalhe da minha vida e não o todo e que, na verdade, é por causa dela que preciso me superar a cada novo dia e ir além do que jamais imaginei que pudesse chegar.
Se me perguntarem o que fiz com os limões que recebi da vida, acho que posso dizer que fiz uma bela limonada.
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