Alguns dos principais fatores que me impediam de alcançar a qualidade de vida que eu tanto desejava quando ainda morava em São Paulo, era o transito caótico e a dependência do carro para fazer qualquer coisa na cidade. Os paulistanos aqui devem concordar comigo que depender exclusivamente do transporte público na capital não é uma tarefa fácil, o que leva muita gente a preferir encarar o financiamento de um carro e horas de transito ao invés encarar a superlotação e precariedade dos ônibus de São Paulo. É uma situação sem ganhadores; qualquer que seja o meio de transporte que você escolha, o transito e estresse te acompanham.
Me libertar da necessidade de ter um carro era como subir mais um degrau para chegar perto da vida que eu idealizo; por isso, a cidade de Vancouver preenchia mais um requisito na minha lista de desejos. Isso quer dizer que o transporte público aqui é absolutamente perfeito? Não (será que existe algum lugar em que o é?), mas ele tem qualidade e funciona bem; tão bem que eu estou vivendo há dois anos sem ter carro e mais importante que isso, sem sentir falta de ter um.
Sistema de Transporte Público em Vancouver
Então como funciona o transporte público em Vancouver? O primeiro ponto que você precisa entender antes de começar a usar o transporte público é que a Metro Vancouver (ou Grande Vancouver) é dividida por zonas e isso pode influenciar no valor da passagem, especificamente no metrô. A zona 1 é a área que corresponde somente a cidade de Vancouver, enquanto North Vancouver, Burnaby, Richmond e New Westminster se encontram na zona 2. Na zona 3, estão as áreas mais afastadas, como Coquitlam, Surrey, Langley e outras.
Compass Card
Há pouco tempo, a cidade adotou um novo método de pagamento nos transportes públicos que é o Compass Card; algo parecido com o bilhete único no Brasil. Um cartão recarregável que você compra por CAD $6 nas máquinas de venda de tickets dentro do metrô. Você pode optar por:
– Stored Value: carregar seu Compass Card de acordo com a necessidade (valor mínimo CAD $10), onde os créditos serão descontados de acordo com o uso
– Day Pass: passe ilimitado por um dia e válido para todas as zonas no valor de CAD $9,75
– Monthly Pass: passe ilimitado para o mês. Nesse passe o preço varia de acordo com as zonas. Valores: – Zona 1 = CAD $91/ mês
– Zona 2= CAD $124/ mês (permite trafegar pela zona 1 e 2 sem custo adicional)
– Zona 3 = CAD $ 170/ mês (permite trafegar por todas as zonas sem custo adicional).
Observação: Se você tem o Monthly Pass da zona 1, por exemplo, e eventualmente precisa trafegar de metrô pela zona 2 ou 3, basta adicionar uma tarifa para a zona desejada.
“Tap In, Tap Out”
É importantíssimo lembrar-se sempre que é preciso passar o Compass Card na catraca para entrar no metrô (tap in), e novamente ao sair do metrô (tap out), mesmo que as catracas estejam abertas. Dessa forma é cobrado o valor da passagem de acordo com a zona utilizada. Caso você se esqueça do tap out, será cobrado o valor da passagem da zona 3, então fique atento para não acabar pagando mais do que o necessário!
SkyTrain e SeaBus
É muito fácil utilizar o sistema de metrô em Vancouver, principalmente por que o SkyTrain possui apenas três linhas: Expo Line, Millennium Line e Canada Line. Não somente é super fácil, como também é muito eficiente. Pode parecer pouco apenas três linhas, mas através delas você tem acesso a praticamente todas as áreas de Metro Vancouver, incluindo a comodidade de uma estação dentro do aeroporto YVR.
A única área que não recebe o sistema de metrô é North/ West Vancouver, mas somente por que o sistema de transporte para aquela área é substituído pelo SeaBus, uma espécie de balsa que conecta Downtown à North/ West Vancouver.
Ônibus
Se você utilizar apenas ônibus para transitar por qualquer uma das zonas em Metro Vancouver, a tarifa permanece a mesma (CAD $2,75), não há diferenciação no valor. Por isso, no ônibus, e apenas no ônibus, não é preciso tap out com o Compass Card, apenas tap in, na maquininha perto do motorista, quando você entrar.
O que eu mais adoro sobre o sistema de ônibus aqui, é a pontualidade e garantia de que o ônibus irá passar de acordo com os horários planejados (existem alguns atrasos as vezes, mas é coisa de minutos). A facilidade de planejar seu dia e não se atrasar ou ficar horas esperando um ônibus por conta da ineficiência do transporte público, é simplesmente impagável e algo que eu jamais experimentei em São Paulo. Para checar os horários do ônibus, você pode:
– Verificar os horários do ônibus no próprio ponto (mas nem todos possuem o cronograma fixado)
– Caso não tenha o cronograma, você pode mandar uma mensagem de texto para 33333 com o número do ponto e receber os horários dos próximos ônibus que estão para chegar
– Acessar o site da TransLink e planejar sua rota de acordo com o horário que você precisa chegar ao local desejado
Ciclovias
Ah, as ciclovias! O seu sonho é usar uma bicicleta como meio de transporte? Se sim, você veio a cidade certa. Vancouver é conhecida pelas suas extensas e bem planejadas ciclovias. Como mostra o mapa abaixo, em verde, estão todas as rotas de ciclovia.
É possível ir para qualquer canto da cidade com a sua bicicleta; além das ciclovias terem conexão em praticamente todas as áreas da cidade, se for preciso pegar um transporte público no meio do caminho, não será problema. Você sabia que pode entrar no metrô com a sua bicicleta (só fique atento ao vagão específico para tal) e também pegar o ônibus sem ter que abandoná-la? Pois é, há um suporte reservado especialmente para bicicletas; basta acoplar sua bike na frente do ônibus e prosseguir viagem.
Eu quase não tenho reclamações sobre o transporte público em Vancouver, principalmente por morar na área da zona 1 (vale lembrar que as pessoas podem ter visões diferentes dependendo da área em que moram). Na minha opinião, na maioria das vezes é possível contar com um transporte de qualidade, segurança e pontualidade, e isso certamente faz parte da minha definição de qualidade de vida.
Maythe Panar